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Ora viva, creio que esta seja a milionésima vez que inicio um blogue. De facto, perdi o número de vezes em que abri uma página em branco e me decidi a dar asas à imaginação. Escrever num cantinho virtual acompanhou uma grande parte do meu desenvolvimento enquanto menina-mulher perante as suas primeiras grandes decisões na vida, eis como o primeiro ano na universidade, os primeiros desgostos amorosos e viagens por esse mundo fora. Fui uma escritora de blogues inconstante, tal como o tem sido a minha vida. Sim, vivo numa constante montanha russa, e por isso temi que me expusesse em demasia através da escrita, que é para mim uma forma de canalizar as energias. Preciso de o fazer para me sentir espiritualmente... estruturada? Alguém por aí que me entenda? No entanto, o medo da exposição e de reprimir a minha autenticidade falaram mais alto, até que... estava eu na cozinha a vasculhar um novo livro de culinária (sim, eu agora compro livros de culinária no auge dos meus vinte e cinco anos) e me decido a experimentar uma nova receita de panquecas, as quais por sinal não tiveram um parto com sucesso. Avante, dei por mim a pensar: "E se ainda tivesse o blogue activo, esta receita seria um valente falhanço!". Vai daí, vocês pensariam: "Ainda bem que não o tens!". Contudo, é exactamente por isso que me dedico a mais uma tentativa. Desta vez sem pretensões de criar algo perfeito, e sim realista. Meramente com o intuito de partilhar, nem que seja uma má ideia como uma receita com leitelho, ou um filme que me aborreceu, um livro que adorei, um lugar novo que descobri, um restaurante, uma opinião... Sei lá.