Music vibes #3

September 24, 2017

  Esta é uma das músicas mais recentes da minha lista de "put on replay", resultante de horas a conduzir devido aos turnos seguidos que tenho estado a fazer, motivo este da minha ausência. As rádios portuguesas têm aptidão para repetir músicas com alguma insistência.
Vai daí, decorei já cada verso. A letra condiz com o meu estado de espírito actual, pois foi ao ouvi-la que me apercebi do tanto que a vida nos molda. As voltas a que a minha me obrigou deram-me a força necessária para saber partir... Ainda assim, o mais difícil é perceber que me tornei demasiado boa a dizer adeus. Sem olhar para trás (...) Canto-a, por isso, com um sentimento de tristeza, pois se outrora me era difícil desprender do que amo (e sempre amarei, pois uma vez amor sempre o será quando puro o foi), agora tornou-se inevitável (...)
E por cada desgosto, cada desilusão e cada dor sentida, tornou-se mais fácil manter a minha base... A minha estrutura. Não abala tanto.
Não porque o sentimento ou a situação não seja tão intensa como à primeira. Simplesmente os meus alicerces são outros. Com o foco mais centrado em mim. Será isso frieza? Ou um novo mecanismo de coping que prima pela valorização pessoal? 
E estarei prestes a dizer mais uma vez adeus. A maior despedida da minha vida.
Se isso me assusta? Não. Assusta-me o facto de não me assustar. Percebem? Se me perguntarem o que mudou, eu julgo que saiba responder. Agora sei que dizer adeus não é sinónimo de me sentir só. Pode ser um Olá a outros mundos. 😏
   Quanto ao blogue, não tenciono dizer adeus para já (...)! Poderá a frequência de publicações diminuir por falta de tempo e não é mesmo por má gestão. Já perdi mais uns quilinhos à conta do ritmo alucinante a que ando. Estagiar, trabalhar e estudar não é nada fácil...! E isto por aqui é meramente um escape a tudo isso. Agradeço-vos por estarem por aí e me enviarem comentários e email's tão motivadores!

Yellow Bus.

September 16, 2017

📌 Localização: Jardim Engenheiro Luís da Fonseca, Setúbal.
  Estão recordados desta rubrica que inaugurei há cerca de duas semanas atrás?! Tenciono dar-lhe mais uso daqui em adiante. Afinal, as calorias que gasto no ginásio ou estágio têm que ser recompensadas com prazeres de gula, não vá eu desaparecer nas minhas calças! Não me recordo de estar tão magra, o que nem sempre é equivalente a ser-se mais saudável ou feliz... Neste caso (o meu), acredito que tudo esteja em harmonia!... Continuo a gostar de comer, apesar de ser mais selectiva e racional na hora de escolher o que irá ser fundamental para o meu corpo e estilo de vida. Valorizo cada vez mais as aventuras gastronómicas fora de casa, porque constituem inspirações para novas receitas, as quais também desejo partilhar com vocês.
No entanto, hoje fico-me pela descoberta de um cantinho de lazer por Setúbal: o Bar Yellow Bus. Ideal para terminar o dia com amigos!

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  Não há muito a dizer quanto à ementa, sendo que apenas comi um gelado e pedi uma bebida fresca. O que merece destaque é o conceito em si, em crescente em Portugal, dos chamados food truck, e dos quais eu sou grande defensora quando associados a um espaço exterior incrível, como é o caso. Assim sendo a classificação é deveras incompleta. Fica apenas a sugestão!
Localização: 5/5 (A vista à beira-rio é um grande ponto a favor, sendo agradável tanto de dia como de noite); 
Atendimento: 4/5 (Prima pela simpatia!);
Gastronomia: -/5 (O gelado estava bom! Ahah);
Preço: 3/5 (Um tanto ou quanto carote, como em tudo o que é direccionado para o turista...);
Decoração: 4/5 (A camioneta amarela é amorosa, bem como a esplanada com pequenos sofás).
É simplesmente um bom local para se deixar ficar a apreciar o ambiente envolvente. A regressar para mais um momento chill!

Pelo centro de Setúbal.

September 13, 2017

  Moro permanentemente no distrito de Setúbal há cerca de três anos, mas sempre considerei esta a minha casa. Se me perguntarem de onde sou, respondo sem pensar: "Sou de Setúbal!". Cresci aqui... Foram as ruas por onde corro agora que aprendi a andar de bicicleta, que me perdi com o meu pai nas caminhadas pela serra, que me esfolei nas brincadeiras com os meus primos. Era a minha casa dos fins-de-semana, por onde passeava em família. Foi nesta casa, que os meus pais construíram de raiz, que me tornei mulher e comemorei cada aniversário. Foi também na Serra da Arrábida que fiz as maiores promessas e tomei grandes decisões. No fundo, apesar de ser lisboeta, conheço melhor Setúbal do que muitos dos seus residentes, e agradeço aos meus pais pela oportunidade de crescer num cantinho que me oferece de tudo. O melhor da cidade e do campo. Um equilíbrio perfeito, ao qual chamo de lar. Eles poderiam ter escolhido qualquer outro local, afinal nada nos agarrava aqui. Simplesmente se apaixonaram por Setúbal, pela Serra e por Azeitão. E eu confesso-vos que percebo o porquê. Sempre quis mudar-me para cá. Bati o pé com 15 anos. Queria fazer o liceu por aqui... Com muita pena minha, tal não aconteceu. Passei a frequentar o café da zona - o spot do meu verão de que vos falei, e invejo a comunidade de jovens que se encontram e se conhecem desde sempre. Na cidade onde cresci não existia essa proximidade, em que todos se encontram no sítio de sempre, com as mesmas caras conhecidas. E depois há um acréscimo: os setubalenses são, maioritariamente, despachados e muito simpáticos. Existem sim traços característicos, como o hábito de se falar com estranhos nas ruas, e eu gosto disso. De faladeira tenho muito. E se forem tão atentos quanto eu, apercebem-se por entre gente simples de alguns trejeitos: o carregar dos erres. Para isso terão que ir bem ao centro da cidade, como eu habitualmente faço. Desta vez, trouxe-vos comigo!

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  A minha irmã alinha sempre nestas aventuras fotográficas. Bem, quase sempre. São muitas as vezes que cá venho sozinha na zona da "Baixa" Setubalense. De cada vez que volto admiro-me com a mudança evidente no cuidado com as fachadas, e com novos restaurantes (Setúbal não é só choco frito!) e lojinhas locais. Para as grandes fast-food do comércio, temos o centro comercial Alegro ali ao lado, que é um dos meus centros comerciais favoritos pela tranquilidade. Se caminharem por entre as ruas irão perceber o porquê.
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A avenida Luísa Todi merece especial atenção, por ser a principal rua da cidade. A cada recanto irão encontrar um edifício que merece ser capturado. Eu gosto especialmente de caminhar pela zona central da mesma com os seus jardins aprumados e calçada portuguesa, contornando o coreto e observando a biblioteca, o mercado, o próprio fórum Luísa Todi e a Galeria Municipal. Não se deixem ficar pela praça do famoso Bocage. O melhor de Setúbal são as suas ruas estreitas com agente que lá sempre morou (Sabiam que agente/nós tem origem setubalense?), e que tal como Bocage são danados para a brincadeira. É só darem conversa que algum velhote sentado num banco vos cita este poema que passo a partilhar de seguida. Ora faz lá scroll down, porque vai valer a pena a gargalhada. ↓
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Quer seja curto ou comprido,
Quer seja fino ou mais grosso.
É um órgão muito querido
Por não ter espinhas nem osso.

De incalculável valor
Ninguém tem um a mais
E desempenha no amor
Um dos papéis principais.

Quando uma dama aparece,
Ei-lo a pular com fervor.
Se é um rapaz, estremece.
Se é velho, tem pouco vigor.

O seu nome não é tão feio,
Pois tem sete letrinhas só.
Tem um R e um A no meio.
Começa em C e acaba em O.

Nunca se encontra sozinho.
Vive sempre acompanhado,
Por outros dois orgãozinhos
Junto de si, lado a lado.

O nome destes porém
Não gera confusões
Tem sete letras também
Tem L e acaba em ÕES

Para acabar com o embalo
E com as más impressões
Os órgãos de que eu falo…
São o coração e os pulmões. - Poema de Bocage. 😆 Suas mentes perversas... Por esta já entravam na biblioteca, certo?
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Retornando ao foco da publicação, aconselho-vos a perderem-se pelas ruas e ruelas. Procurem pelo arco da Ribeira a partir da Avenida principal. Irão dar a uma praceta amorosa com uma Oliveira no seu centro. É um dos meus cantinhos preferidos. Excepcionalmente neste dia, a cidade estava a preparar-se para alguns eventos culturais e, ao que parece, a noite foi animada com teatro de rua, concertos minimalistas ao vivo em bares acolhedores e que eu desconheço por completo. Citou-se shakespeare e tudo! Fiquei realmente curiosa e espero que a experiência se repita a tempo de eu me organizar e dar as minhas graças nestes eventos. Já vos disse que adoro teatro?! Numa outra vida devo ter pisado um palco. Bem, nesta vida também já o fiz, mas é segredo! (...) Agora prefiro ficar na plateia e emocionar-me com a arte de quem gere sentimentos.
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Mas não se pode esquecer que Setúbal é uma cidade piscatória, de bom peixe, pelo que o melhor spot é algures perto do Rio Sado com vista para Tróia. O mercado é paragem obrigatória. Não há melhor sítio para se sentirem verdadeiramente em Setúbal que o Mercado do Livramento. Quero lá regressar numa manhã de dommingo para comprar peixe e fotografar os seus magníficos azulejos e fachada exterior em rosa salmão.
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Aqui está o programa cultural de que vos falei. Decorreu no final de Agosto e parece-me que é já algo recorrente por cá (nem fazia ideia), pelo que estas fotografias vos chegam bem atrasadas. Para o ano espero aproveitar um pouco mais do que a cidade tem para oferecer nesta vertente! É sempre um bom motivo para conhecer o interior do Fórum de Luísa Todi!
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 Sempre que volto ao centro de Setúbal encontro algo de novo, e já tenho uma lista de locais que quero vasculhar e dar mais destaque por aqui, ora porque são novidades ou porque são já um must go a cada regresso meu, eis como o forte de S. Filipe, um ou dois restaurantes, a nova gelataria, ou até mesmo um barzinho perfeito para uma conversa a dois no final do dia à beira-rio, com a Serra no horizonte e o sol a adormecer por detrás da mesma. Há melhor do que esta simplicidade e leveza?! Espero conseguir ter tempo para umas escapadelas saudáveis por entre os diversos turnos que me esperam neste meu último estágio em contexto hospitalar, pois inicio agora estágio em Cuidados intensivos (pelos quais acredito que me vá apaixonar) e, de seguida, irei estagiar perto de casa, integrada na comunidade.
Terei todas as condicionantes a meu favor para conhecer ainda melhor Setúbal, não vá eu andar por aí a fazer domicílios ou formações de promoção de saúde em escolas. Tudo se encaminha no bom sentido!
  Até lá há que aproveitar cada segundo livre, nem que isso implique levantar-me cedo para correr de manhã, meditar, e renovar o stock de Serotonina. Quem sabe amanhã não mude de vistas e o vá fazer exactamente à beira-rio? Parece-me bem!

O meu primeiro turno.

 Recordo-me muito bem do dia em que vesti pela primeira vez a farda branca em contexto de estágio, numa casa de banho minúscula da unidade, há dois anos atrás. Estranhei-me ao me ver ao espelho. Nunca pensei que o meu caminho passasse por Enfermagem, confesso. Na altura hesitei. Pensei que talvez não fosse bem este o caminho ideal, e nunca porque duvidasse da vocação em si. Essa eu sentia-a há muito tempo, desde cedo, e omitia-a em prol dos diversos estereótipos que as vozes externas fazem ressoar. A profissão socialmente é ainda muito desvalorizada, a começar pelas médias de entrada. Acabei por não ir para Enfermagem com 18 anos exactamente por isso... Convenci-me, ou deixei convencer-me, de que era um desperdício para uma média de dezoito valores, e lá me meti numa engenharia só por mera vaidade intelectual. Na altura a que tinha a média mais alta no instituto superior técnico e isso enchia-me o ego, mas não os olhos de motivação. Até que me decidi a mudar tudo do avesso e guiar-me pelo que o meu coração ditava. Imaginem portanto o quanto que entrar numa unidade fardada pela primeira vez me induziu. Mal dormi na noite anterior por recear não gostar de me encontrar neste papel, e seguiu-se todo um confronto com a realidade de estar a começar do zero. A minha enfermeira orientadora era mais nova do que eu, e em parte também menos madura. Foi impecável para comigo, mas senti, como veio a repetir-se em estágios seguintes, que tinha que me conter para não expressar a minha sensibilidade na relação humana para além do expectável num estudante/estagiário, de modo a não entrar em confronto com as convenções de ninguém. Por vezes, o fazer ou ser-se de certa forma provoca no outro uma reflexão tal que caso não seja bem aceite o afasta no sentido da crítica e quando se tem um orientador que te dita a nota é melhor ser um pouco mais inteligente e deixar o meu jeito para depois. Senti-me, por isso, numa concha, padronizada como que em série. E logo eu que idealizava algo diferente e mágico. Idealístico.  
Imaginem, portanto, o vazio de me sentar numa secretária neste primeiro turno e a sensação de inutilidade e frustração, por pouco me ser ainda permitido fazer senão "coisas" e observar os enfermeiros a fazerem tarefas. Nesse exacto momento tirei esta fotografia com o meu fiel caderno de anotações sobre como se fazerem outras tantas coisas. Estava eu entristecida porque me parecia limitador.

  O que eu não sabia era que acabaria por fazer essas tantas "coisas" cantando Rui Veloso a alto e bom som. Poucos são os que me ouviram cantar, à excepção dele - o meu primeiro utente, que era uma criança de cinco anos, preso num corpo de 52 anos com distrofia muscular e paralisia cerebral. Cantar durante o banho ajudava-o a relaxar e aliviar as dores. Aquele momento do dia, incluído numa rotina de dia após dia, destinada a uma tarefa x, e intervalada com a ronda dos banhos, a da medicação, a dos pensos, a das refeições, passou a ser um momento de magia, em que nenhum problema meu importava mais. Eu estava ali. Deixava de ser em parte a Ju cá de fora e passava a ser a Ju enfermeira. Foi aí que percebi após o primeiro impacto e desilusão. Há "coisas e coisas", e formas de o fazer com o coração nas mãos, mas com muita sapiência nas intervenções. Ainda que me tenha que submeter a rondas em que se percorre uma unidade de uma ponta à outra, tal como a fábrica em série para se cumprir horário, é possível de não perder a essência que nos distingue dos demais. A minha parte de uma observação e sensibilidade para o sofrimento, vindo de quem o sentiu de perto. Aprendi a justificar este meu jeito de estar, descontraído, com diagnósticos de enfermagem. Há que saber justificar e argumentar, afinal o Humor a que tanto recorro está descrito na literatura, bem como um calor humano de um abraço, de uma lágrima partilhada com o outro, e não a distância incutida... Hoje em dia continuo a desiludir-me com alguns modelos de enfermagem seguidos. Agarro-me agora ao que me motiva a ser melhor, e filtro o que quero captar. E ainda há muito por onde me agarrar, felizmente! 
Deixo-vos com esta música, o hino da instituição que me acolheu no início desta jornada que agora está prestes a terminar. Ainda hoje vesti a farda no meu último primeiro dia de estágio e, por dentro, entoava "há gente rara, que és tu, e sou eu...".

Do meu amor por fachadas.

September 9, 2017

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Dos mil e um sonhos que tenho, um deles é o de viver numa casa com uma fachada tradicional. Colorida e com um varandim.

O balanço 5 meses depois.

September 8, 2017

Desde o primeiro dia em que me estreei neste blogue - há cerca de cinco meses - prometi que iria fazê-lo dentro dos meus critérios e com o que me faria sentir confortável e segura (por experiência com anteriores blogues). Nada mais para além disso. Sem grandes objectivos ou ambições de o tornar num cantinho virtual conhecido entre o mundo da blogosfera. Pensei que seria um compromisso para comigo mesma. Um projecto, assim diguemos, onde teria liberdade para expressar a minha arte. 
Eu sabia que pouco se lê e se o fazem é por entrelinhas na esperança que um comentário gere uma resposta ou um follow, um re-follow, pois que agora bomba o youtube, o facilitismo e tudo o que é de imediato. Na verdade, nunca pensei em divulgar o que escrevia em redes sociais (à excepção do twitter que para mim é uma reunião com outros leitores e donos de blogues portugueses maravilhosos), até que se tornou inevitável alguns amigos perguntarem-me "Ju, com tanta fotografia maravilhosa no teu instagram nunca pensaste em escrever um blogue?". E a resposta era natural e orgânica. Sim, já o tenho. Eu sabia que tinha em mim uma necessidade gritante por partilhar as minhas fotografias e viagens, mas também sabia que ser-me-ia difícil omitir partes da minha vida que não são assim tão cor-de-rosa...
Inicialmente, recordo-me de ter criado uma curta lista que teria que cumprir à risca na elaboração do conceito de Ju Vibes:
  1. , o que tenho cumprido até então (e não pretendo mudar!); 

  2. (...) para além do estritamente necessário, de forma a que nunca sentisse a necessidade de apagar nada mais tarde;
    Acontece que dei por mim a querer escrever sobre temáticas que em muito me ajudariam a crescer e valorizar aquilo que a blogosfera tem de bom. A partilha, sem ser necessário recorrer a casos particulares. E quando aqui venho, apesar de me orgulhar do conteúdo que partilho, sinto que falta personalidade. E isso eu tenho em excesso, dizem alguns. Se em pessoa falo sem tabus, porque haveria de o fazer na escrita, onde o pensamento me é tão mais claro? Por isso acredito que será mais comum publicações sobre reflexões de experiências de vida, sem travões ou filtros, para além das viagens.
  3. , através da mudança que procedi em vários aspectos da minha vida;
    Neste tópico é interessante de notar que são várias as publicações em rascunho que falam sobre equilíbrio e auto-estima. E nem sempre é assim. Não consigo transparecer segurança ou motivação se não expressar o outro lado da moeda, a melancolia que também me caracteriza. Guardo reflexões sobre a tristeza, desgostos de quem se desiludiu com pessoas queridas, que viu pura maldade nas suas acções em contraste com o amor no olhar, sobre a morte, a partida, a solidão... Tudo isto é vida, tudo isto é energia! Acredito que irei escrever mais sobre esta minha crença espiritual, de que tudo é devido a um estado de energia que nos rodeia e envolve. Está presente em cada um de nós e em cada lugar, assim acredito.
  4. ;
    Ora, para os leitores mais atentos, saberão que sou estudante de enfermagem, o que acarreta uma data de histórias interessantes para contar. Nunca o fiz porque considero que haja coisas que se guardam apenas no nosso coração. Contudo, também sei que há formas de o fazer sem ultrapassar o limite do que é para mim o respeito pelo próximo. E foi quando estava há dois dias atrás perante a nova turma de caloiros a coordenar um workshop, com uma diferença de cerca de 9 anos de idade de mim, que se fez o clique. Estava eu a falar de experiências em contexto clínico. O que queriam ouvir eram piadas. Cocós e xixis. Pensos, traumas, emergência. Pouco lhes cativou o entusiasmo com que se fala de amor, da primeira vez que chorei com uma pessoa que cuidei, da primeira vez que ultrapassei a barreira do institucional e me deixei ser eu, a Ju, de farda branca. Eu amo esta escolha que fiz. Fez de mim uma pessoa melhor e mais atenta. Há também diferentes formas de se ser enfermeiro, e eu bem o vejo, no entanto, creio que este blogue possa transmitir a forma como eu perspectivo a enfermagem em tempos em que se fala tão mal da mesma. 💦 Tristemente. Penso que não se saiba, socialmente, o que é ser-se enfermeiro, daí que fica a promessa de partilhar mais este meu mundo que me engole tantas vezes. Não faria sentido não o fazer, visto que poderá ser à custa da enfermagem que tantas outras viagens se realizem. Quem sabe?
  5. ;
    Acontece que estes últimos meses senti a necessidade de expressar-me um pouco mais através das minhas escolhas pessoais no que dita a beleza, maquilhagem (eu adoro!), cabelo, dicas culinárias, informações fiáveis na área da saúde, desporto, yoga, e muito mais. O texto sobre o meu carro foi um teste. Foi a publicação que recebeu mais visitas num curto espaço de tempo, pelo que parece que será bem vindo temáticas diferentes.
Mudar faz parte. Há é que deixar a mudança acontecer e fazer parte de nós.
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    Assim sendo, será evidente uma nova fase aqui no blogue. Irei certamente ser menos imparcial. Menos politicamente correta..! Menos Mrs. Certinha como os meus amigos me descrevem. Parecer-vos-ei por vezes mais nerd, mais demorada na escrita, mais vaidosa, mais brincalhona, idealista, sonhadora, desmedida, mas mais verdadeira. Se estiver apaixonada, irei demonstrá-lo. Se estiver triste, também.
Por mais que queiramos fazer de conta de que está tudo bem, não há muito a ganhar com isso (...)
Só uma capa que nem nos protege assim tanto, pois nos afasta de outras pessoas com quem nos poderemos identificar!
E sim, tinhas razão, minha cara amiga: não tinha resposta à tua pergunta: "Porque não escreves sobre isso se é algo tão teu?!". Não sabia.

Se quiserem contribuir para esta lufada de ar fresco, poderão enviar as vossas sugestões ou questões para o seguinte email.

Partilhem as vossas incertezas e inseguranças, dúvidas ou alegrias, e faremos deste cantinho uma discussão e partilha interessante. Certamente. A comunidade que aqui se criou é incrível e muito aberta ao companheirismo! Queres juntar-te? Vale até um simples Oi!

Um pulinho ao Cabo de Espichel.

September 5, 2017

  O meu Verão foi rico em revisitar lugares e conhecer outros tantos por aí fora. Já nem me consigo recordar de cada concerto e festival, de cada gelado, de cada escapadela à praia mais próxima... [suspiro de saudade]. Eu não me recordo realmente de um Verão tão feliz, tão meu e dedicado aos meus, cheio de novas amizades e quem sabe de novos começos? (...) Muito provavelmente o último tão extenso, pelo que sinto que o tenho aproveitado bem. Falta-me agora uma semana para começar o último ano do curso e o estágio. A farda já está de parte e espera-me muita dedicação. Como sempre, em tudo a que me proponho. Tanto assim o é que tenho estado muito tempo offline - mais do que me é habitual, pelo que a pequena aventura de hoje tem alguns dias de atraso.
Datava de uma tarde quente de Agosto quando dei por mim a perguntar à minha irmã, a pessoa que mais gosto de chatear, se queria dar um passeio ao final da tarde durante a chamada Golden Hour ao Cabo de Espichel. Aqui tão perto e nunca lá tinha regressado depois de tantos anos. Aventurei-me pelo Santuário e pelo Farol ali mesmo ao lado, bem como me deixei fotografar. Até poses me permiti fazer...! Mas confesso que deixei que estas fotografias me deixassem mais confortável, reservando-as de parte, para as publicar aqui. Estupidez, eu sei. Espero que gostem de conhecer este cantinho de Portugal, muito ventoso, e estranhamento misterioso.

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   Preparados para uma mini sessão de história? Então vamos lá! (...) Aqui encontro-me eu perante o santuário de Nossa Senhora da Pedra Mua (ou conhecido também como da Senhora do Cabo). Ora, este nome deriva do facto de a imagem da Virgem Maria ter supostamente aparecido numa das Pedras há 600 anos, tornando-se num local de peregrinação durante a Idade Média. Foi construída uma Ermida de Memória e, só mais tarde, no século XVIII se construiu a Igreja, na qual nunca entrei. Muitas das vezes está fechada, segundo me parece, o que não é um problema porque o que mais me apraz são as ruínas do convento anexado!. É triste perceber o quão degradado está... À parte disso, diz-se que na Pedra Mua que sustenta todo o cabo existem vestígios de dinossauros, nomeadamente  as pegadas do período Jurássico. Fiquei curiosa com o facto e ainda irei averiguar melhor!
Por entre as ruínas, decidi fotografar a minha irmã, que aqui podem apenas percepcionar o seu cabelo ondulado! (...) Já o meu, preto e escorrido, é um engano à vista. Ao natural é todo um emaranhado de caracóis indomáveis! Acreditariam? Talvez um dia vos mostre o quão diferente ele era. Agora sinto-me bem assim. As minhas primas chamam-me de pocahontas. Acho que estou lá perto. O vento, neste dia em particular, também ajudou e eis o resultado! Confesso que gostei!
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Esta Capela é a tal Ermida de Memória da Virgem Maria, que foi recentemente restaurada. Recordo-me de a ver em ruínas, tal como os restantes edifícios circundantes e que poderão constatar pelas seguintes fotografias. Poderá ser um bom sinal!
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O Farol fica a poucos metros ao lado do Convento, sendo possível de se ir a pé. (...) O caminho é um pouco poeirento, pelo que lavar o carro antes é uma burrice - que eu claramente cometi. Ainda para mais quando é certo que eu irei parar o carro em qualquer canto para capturar a fotografia perfeita! Mas isso seria toda uma publicação à parte com direito a rubrica e nome próprio: Coisas à lá Ju ou Só podias ser tu?! Parece-me um bom nome, não acham?
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  Resumindo, este é um passeio ideal para um final de tarde perfeito para quem quer conhecer um pouco melhor a Costa Portuguesa (...). Um canto sossegado, e ao qual aconselho a regressar inúmeras vezes em expedições e com preferência durante a chamada Golden Hour.
   Percebi que são várias as actividades organizadas pela região e que possibilitam diferentes experiências (consulta aqui). Aviso de que se trata de um local muito ventoso e de que os chapéus não são aconselhados. Feito o aviso à navegação, aqui me vou que amanhã é dia de retornar à rotina de gente grande. Filas de banco, correios, trânsito infernal, mas repleto de novidades boas que em breve partilho!...
Sabem quando é melhor preservar o que é bom, não vá que não se concretize? É o caso!... 

O meu fogareiro | 5 factos

September 2, 2017

  Há cerca de dois anos que sou uma sortuda por ter um carro só para mim. Usado, com cerca de dez anos, mas bem estimado e cuidado. Poupadinho, também, sendo que é a GPL, o que me faz gastar menos do que o passe de comboio (e vou todos os dias para Lisboa). Apesar de ter oito anos de carta (sim, já passou tanto tempo), só agora pude dar-me ao luxo de ter um veículo para me deslocar a qualquer hora e sem depender de terceiros. Na verdade, nunca antes tinha surgido a necessidade de adquirir um carro, e sempre pensei que comprar um carro seria uma etapa ainda distante. Recorria aos transportes públicos e nem me preocupava assim tanto. Habituei-me ao frenesim do metro e adorava o silêncio matinal no fertagus. Lia muito mais nessa época, e isso agradava-me. Trazia-me uma certa paz começar o dia assim, excepto quando sentia a respiração de alguém a virar-me as folhas. Entretanto, a vida mudou. Mudei de casa, de curso (...), e isso implicou ter um carro para os turnos malucos de enfermagem, chegando mais rápido a casa para dormir algumas horas (senão dormir mesmo dentro do carro!). Cheguei a estagiar em Cascais, morando eu em Setúbal. Auuuch!
Resumindo, a minha vida diária ficou bem mais facilitada, sendo que tenho agora uma relação emocional com o meu fogareiro - nome herdado de família. Há quem me goze porque eu beijo o volante do meu carro, porque coloco o meu perfume nos seus estofos ou porque tenho um stock de produtos de higiene e uma mini-farmácia no apara-luvas. Afinal, o meu fogareiro é a minha segunda casa, visto que passo cerca de 3 a 5 horas por dia a conduzir. Vai daí, decidi reunir cinco factos interessantes sobre o meu carro vermelho vermelhão que o fazem ser especial, para além de meu, o que por si já o torna hiper mega especial.

 
5 FACTOS SOBRE O MEU FOGAREIRO?
  1. O meu carro tem uma personalidade própria. Sempre que o condutor muda, algo lhe acontece. Quando o adquiri foram-se os amortecedores traseiros e uma lâmpada. Quando a minha irmã o conduziu por alguns dias o pneu furou-se. O pisca dianteiro à direita funciona quando o carro está limpo. E quando está frio tenho que conversar primeiro com ele para que se dê a conversão do motor de gasolina para gás. Resulta sempre.
  2. Tenho um reservatório enorme na bagageira para o gás, pelo que sempre que abro a mesma e alguém olha desconfiado, eu digo: "É uma bomba!". Eh, eu divirto-me com pouco!
  3. Em época de estágio, o meu carro é uma feira ambulante. Tenho sempre uma farda suplente pendurada no banco traseiro, sapatos, livros, ganchos, desodorizante, garrotes, e outros afins. Costumo ter também um saco de ginásio pronto a usar e uma muda de roupa, caso precise de ficar a dormir por Lisboa. Também é certo que terei uma toalha de praia e uma sweater quente (independentemente da época do ano!). Sou realmente uma mulher prevenida!
  4. Já tivemos um acidente juntos. Um jipe embateu nas traseiras do meu carro na descida de um túnel, estando eu parada, pelo que fui arrastada e bati no carro da frente. Ainda tive que acalmar o casal de idosos que conduzia o jipe e prosseguir com tudo. Fiquei com dores de costas durante semanas em pura telepatia com a bagageira metida para dentro. Doeu - felizmente não foi na minha carteira porque o seguro cobriu tudo.
  5. O meu fogareiro tem o melhor sistema de som que eu já vi num carro sem equipamento especial. Dá para fazer festas lá dentro.
    A bem dizer, eu faço-as, com direito a kizombada e música clássica. Tenho uma adaptação de USB que me permite conectar o ipod. É a loucura e um show para quem me vê no trânsito matinal para a ponte 25 de Abril.
De então para cá, a liberdade que ter um carro me deu foi impressionante! Ganhei um prazer incrível por conduzir, sendo-me muito difícil ficar no lugar do passageiro. Aprendi a conduzir no centro de Lisboa, o que confesso que me tornou um pouco mais agressiva na minha condução. Porém, segura. E conheci novos lugares por este Portugal fora. Melhor?! Só uma vespa para não ter que perder horas no trânsito e puder estacionar em qualquer canto. Seria perfeito para a vida citadina de Lisboa... Quem sabe um dia (se por cá ficar).