Viana do Castelo e um reboliço de emoções.

August 8, 2017

 No segundo dia de viagem pelo norte do país, decidimos subir até Viana do Castelo. Mais uma vez, no verão anterior, já lá tinha ido com os meus tios, que já pouco habituados a andar com os filhos atrás, me quiseram levar a tudo o que era canto. Eu cá não me queixo...! Pelo contrário. Adoro turistar com a minha Canon e de conhecer novos lugares. Viana do Castelo foi, na altura, uma grande surpresa! É uma cidade linda e com tradições muito presentes nas suas ruas, ora seja pelo artesanato ou pela simpatia da sua população. No entanto o que mais me surpreendeu durante esta visita não foi a beleza da cidade em si - disso já eu sabia, e sim o confronto com duas situações que me desafiaram de duas formas completamente diferentes. Curioso como a vida nos testa quando menos esperamos...
IMG_1233 IMG_1224
Assim que chegámos fomos até à Catedral de Santa Luzia, a qual tem uma das melhores vistas da cidade, do rio Lima e do mar. Este trio é aqui uma junção de maravilhar a vista a partir do miradouro e que é deveras difícil de captar com um click. Estava um dia nublado, o que não ajudou à minha veia de fotógrafa, embora tenha acabado por melhorar com o avançar do dia. Decidimos, ainda assim, arriscar subir a escadaria da catedral (na qual decorria um casamento com toda a poupa e circunstância e que parou os mais curiosos!) pelo valor simbólico de um euro, que também garante o acesso ao elevador. É possível subir até ao zimbório, sendo que uma parte da escadaria é mais estreita, em espiral e muito apertada, senão claustrofóbica. Existe até um semáforo para que as pessoas não subam ou desçam em simultâneo, pois seria muito difícil de fazer inversão de sentido. Ora, quem bem me conhece sabe que tenho uma fobia inexplicável em relação a escadas em caracol. Esta agrava quando há espaços vazios entre os degraus, o que não era o caso. Fui, por isso, sem receios, até que me senti enclausurada e bloqueei sem me conseguir mexer, fiquei taquicardia e deixei de ver. Apenas ouvi a voz da minha irmã, que já tinha subido e que sabia que eu poderia sentir-me mal, o que me fez subir apenas para o nível da cúpula. Fiquei por lá, com lágrimas a escorrerem-me pela cara, sem perceber o que me tinha acontecido. Um ataque de pânico. Os meus pais subiram ainda mais para cima e eu fiquei ali a tentar voltar ao normal. Chegou entretanto um nortenho com um sotaque bem acentuado que só dizia: "Foda-se, que eu ia morreeeeendo ali. Ai, eu não bou. Fico bem aqui! Fooooooooda-se". Imaginem o efeito do eco na cúpula. Era eu e ele a rir-nos... 😆
IMG_1243IMG_1259IMG_1231IMG_1266
Logo depois optámos por almoçar no centro da cidade. Depressa nos decidimos por um restaurante "O Vasco" numa das ruelas típicas... Um restaurante pequeno, mas que foi a risada total com o atendimento. Incluiu pedir preservativos para a garrafa de vinho, e mais não digo! A comida não ficou nada atrás! Comemos tanto que eu já só pensava no tanto que teria de correr para manter a linha de que tanto me orgulho agora, mas não foi por isso que deixei de apreciar o bom peixe que se serve em Viana. Já a doçaria ficou para depois.
IMG_1251 IMG_1234IMG_1239IMG_1238
Depois do almoço, de barriga cheia, estava eu a vaguear por uma feira artesanal local, quando...
IMG_1275
(...) um senhor com os seus cinquenta anos desmaia a poucos metros de mim. Instintivamente, iniciei o suporte básico de vida, com uma calma que estranhei. Eu sabia que estava preparada para o fazer mas nunca antes assim: sendo eu, de certa forma, a comandar a situação e a tranquilizar os familiares presentes com a minha certeza e confiança, que penso ter transmitido... A ambulância acabou por chegar dentro 5 minutos e tudo se resolveu. Pelo melhor, espero. Fiquei naquele instante, e nos que se seguiram, a pensar no quão depressa o tempo passa. Daqui a um ano serei enfermeira e a responsabilidade estará nas minhas mãos. A responsabilidade de vidas, e de no meio de uma multidão, saber agir em conformidade com o que aprendi e terei que continuar a aprender ao longo da carreira... E isso assusta, tal como me apaixona. Não saberia viver sentada numa secretária. Preciso de emoções fortes, de olhares, de gente!

Percebem agora porque foi este dia um reboliço de emoções? Fui confrontada com um dos medos do meu passado e com o futuro que se aproxima a passos largos, e para o qual tenho investido muito do meu tempo (com frutos!). Tudo num espaço de poucas horas. 💬

4 comments

  1. Adorei as fotos, tenho meeesmo de conhecer Viana :)
    Espero que tenha ficado tudo bem com o senhor... gostava de tirar uma formação de suporte básico de vida mas tenho medo de depois tê-lo e não conseguir usá-lo quando necessário :/

    ReplyDelete
    Replies
    1. O real medo é ser necessário usar e não estares preparada para tal.

      Pensa antes assim. Não é tão difícil como parece.

      Basta ter algum conhecimento e pode fazer A diferença!

      Delete
  2. Querida Ju, que dia!! Pelo belo passeio, pela bela comida... E também pelos dois momentos. Tenho a certeza de que conseguiste lidar com eles da melhor forma, deves ter muito orgulho em ti :)

    ReplyDelete
  3. Oh, foste à minha terra! É mesmo linda, não é? ^^
    Eu serei sempre suspeita a dizer que Viana é maravilhosa, quem tem boa comida e boas gentes. Mas bem me parece que adoraste a visita e só posso dizer que deves vir mais vezes! =)
    ****

    ReplyDelete